segunda-feira, 3 de outubro de 2011

As Velhas de Cezar




  
ESSE NEGÓCIO DÁ CRÔNICA - OFICINA DE LITERATURA
Coordenação: Cezar Dias Carga horária: 12h Data: de 06 de nov. a 11 de dez. (terças-feiras) Horário: 19h às 21:00 h Promoção: SIMPE-RS Endereço: R. Fernando Machado, 226 – Centro, POA. 

A mensagem me chegou instantânea, e mais do que instantânea foi a resolução por meu sistema nervoso emitida: Crônica, eu? Nem a pau. Não disponho de paciência para tantas linhas, o pior é ter que sintetizar depois. Não tenho chrónospara crônicas. Nem leio crônica quase, para ser franca li umas dez na vida. Pra que uma comunista que só escreve panfletos panfletários precisa ser cronista? Para que uma babá de adolescentes que não lêem precisa ser cronista? Pra que diabo alguém que não quer ser cronista precisa ser cronista??? Eram muitas questões a ser respondidas, comecei a cogitar a tal oficina.   
A alguns dias do início das aulas, encontro com Cezar na feira do livro:

Tenho umas seis velhas querendo fazer a oficina.

Digamos que as seis velhas não representaram para mim um estímulo muito grande. É difícil encontrar velhas radicalizadas, geralmente elas escrevem sobre paisagens, graças divinas, maternidade, áureos tempos, Deus ajuda quem cedo madruga ...  Mas lá fomos nós, eu com minhas orelhas e suas respectivas pulgas para aprender com Cezar e suas respectivas velhas.

Terça-feira, 06 novembro de 2007, 19h, Simpe.     
Olha, não sei o que ele fez com as “umas seis velhas”, mas a oficina contava com oficinandos bem fresquinhos e todos do gênero oposto. Logo percebi: tenho um harém ao contrário, de mulher ali só eu, a babá.

Gonzalo é o homem das bebidas que vão de café a chimarrão passando por águas minerais desprovidas de bolinhas. Além de bilingue, Gonzalo tem dotes filosóficos e digamos que sem ele o harém não abre-se sésamo.

O vegetariano (no ético), ariano (nos astros), disse que procurou o harém para alienar-se da loucura do banco. Aonde veio parar. É como o alcoólatra que, tentando livrar-se do vício vai fazer terapia no alambique.

Oscar reclama não conseguir nem comer um kibe até o final, mas nos seduz com sensibilidades das mais variadas, ainda mescla um pouco o bem com o mal e ao evocar Paulo Sant´Anna tem o poder de provocar  iras celestiais.


Dani é representante da ala administrativa do palácio e dispondo de geniosa racionalidade nos ludibria com seus tus que são a tis com abissal capacidade.   

Salvador gosta de nos fazer desvendar enigmas, professa os mistérios contidos nas lâmpadas, e nos armários.

Cezar há mil e uma noites sonha em ser oriental (da República do Uruguay) e já anda delirando, tendo miragens, de pernas pro ar feito o profeta Galeano. Jura por Alah ter visto um tubarão com a faca nas costas depois de duelo sangrento com o peixe-espada. Pobre alma transtornada!

O cabeludo também não se parecia nem um pouco com uma velha, pelo contrário, dispunha da saúde de um camelo. Mas não voltou nunca mais, desertou, esse devia ser monogamista (ou monocronista).  

Como o harém funciona só um dos sete dias da semana, todos são uns amores, mas aposto que, tirando os sete véus, não passam de sentimentalistas de araque. Alguns são meio teimosos e todos sofrem de distúrbios crônicos.     *2007

Um comentário:

  1. hum, esse texto parece que me impressionou mais agora que antes. foi bom te rever. beijo!

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