segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O espetáculo e suas meritocracias 3/3

A sociedade do espetáculo e o Willian Waack comemoram a liberdade em Cuba.
E a liberdade de Ali Kamel e do Willian Waack em Cuba é pragmática: agora se pode novamente vender carros na ilha. Se a história chegou ao fim o mundo provou ser uma tragédia grega, oi moi, ai de mim, ai ama, que uma morte me leve - mas não por atropelamento...

Já na terra dos argonautas, um possível referendo escandalizou olimpos aos montes, tanto europeus quanto norteamericanos. Investir na democracia norteafricana deu muito trabalho às cúpulas, democracia para os filhos de Zeus seria pedir muito, provocou iras divinas. O oráculo era claro, com referendo Papandreou não retornaria com o velocino de ouro, aliás, nem retornaria.

Por aqui, no templo da Expointer dos velocinos de ouro, Tarso ou Ταρσός, critica o autoritarismo do poder financeiro privado contra o referendo grego. Visionário e conhecedor das leis que regem os simples mortais, Tarso sabe que o conservadorismo só incita a revolta, que é necessário mudar tudo para não mudar nada.

Na democracia do Tarso cujo panteão ou conselhão é majoritariamente composto por deuses e semideuses, professor deve ter como meta ser um cometa. O objetivo é manter o maior número de alunos em sala de aula, no stand up do ensino os bizarros professores de cursinho serão referência - no Brasil há escolas privadas e cursos preparatórios privados para ingressar na universidade pública (!!!). O individuo show otimizado deve substituir o investimento estrutural do Estado em educação e saúde. O futuro da administração é dos gestores privados e seus técnicos, aqueles mesmos do neoliberalismo que atende as demandas do poder financeiro privado...

O Tarso é o social democrata moderno dos sonhos de qualquer capitalista acrônico.
A trágica posição do Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas deixou um barbudo, que não é Zeus mas é da linhagem do Tarso, irado. Mas como pode, um território onde seres humanos têm direito a carro e crédito não seria motivo para deixar o país em posição elevada??? Os programas assistenciais seriam um motivo fundamental para uma colocação melhor, talvez a equipe encarregada da avaliação seja um montão de bicho grilo que nem eu que não sabe como é difícil governar etc, e se escandalize ao saber que o Programa da Saúde da Família distribui antidepressivo tarja preta para crianças assistidas pelo programa. Achei que tivéssemos inventado essas drogas para a classe média sempre em crise existencial.

Em Cuba até abril deste ano (quando a liberdade chegou lá...) era proibido mercantilizar moradia e permanece vetado mercantilizar educação. Mas nosso destino é ser a quinta economia do cosmos e não copiar méritos anacrônicos.

A musa Maria Rita lançou recentemente um LP, não se contentou em ser ela mesma uma reedição e ressucitou também o disco de vinil.
A revolução tecnológica atual condenou precipitadamente ao leito de morte tudo que veio antes dela, e tudo foi sepultado para vir, ainda mais rapidamente, à tona com valor elevado de mercado como artigo de luxo de um passado recente para salvar-nos constantemente da nostalgia do presente perpétuo.


Achei que fossem salvar Cuba da falência para preservá-la como artigo de um passado recente, com tabaco e atos heróicos suficientes para salvar-nos da nostalgia do presente perpétuo, ou o povo grego para nunca esquecer-mos como esmagaram os troianos mas salvaram só o disco de vinil.

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